A 1ª Vara da Família de Garanhuns autorizou em maio deste ano a transsexual Renata Alexsandra Gonçalves de Souza, a Renata Síndica, a alterar seu nome e o sexo presentes em seus registros de identidade e demais documentos civis. Até março de 2018, isso só era possível se a pessoa passasse por uma cirurgia de mudança de sexo, mas, em decisão unânime, o STF acabou com essa obrigatoriedade, além de dispensar do interessado que este entre na justiça para conseguir o benefício.
A 1ª Vara da Família de Garanhuns autorizou em maio deste
ano a transsexual Renata Alexsandra Gonçalves de Souza, a Renata Síndica, a alterar seu nome e o sexo presentes em seus
registros de identidade e demais documentos civis. Até março de 2018, isso só
era possível se a pessoa passasse por uma cirurgia de mudança de sexo, mas, em
decisão unânime, o STF acabou com essa obrigatoriedade, além de dispensar do
interessado que este entre na justiça para conseguir o benefício.
O caso de Renata é o primeiro registrado em Garanhuns.
Nascida Renato Alexsandro Gonçalves de Souza, ela diz que desde criança sempre
se identificou mais com a imagem feminina. Aos 14 anos, saiu de casa para fugir da intolerância e do
preconceito do pai, que não aceitava que o filho fosse homossexual. Após sair de casa, iniciou um relacionamento
com uma mulher e teve filhos, mas percebeu que havia algo errado e que não
estava feliz. Com 18 anos, se separou da
mulher e foi viver com o atual companheiro, com o qual já tem uma união estável
de 24 anos.
Renata afirmou em conversa com o V&C que passou por
inúmeros constrangimentos antes da mudança nos documentos. "Passei por
vários constrangimentos. Esse foi um dos motivos pelo qual resolvi mudar a
documentação. Isso ocorria principalmente nas consultas em clínicas e
laboratórios. Eu mulher, vestida mulher, quando chegava a minha vez, a
recepcionista chamava, Renato e eu, e até as próprias moças, ficávamos
constrangidas", revelou a síndica. Ainda segundo ela, a mãe e o pai até
hoje não aceitam que a filha tenha uma orientação sexual diferente daquela cujo
corpo masculino exteriorizava, mas o emocional não. Já com os filhos a situação
é bem diferente. Renata conta que foi a filha uma das que serviram de testemunha
na audiência de mudança de documentação. "Eu aceito, ele é meu pai e se
ele é feliz assim, eu também sou. O que vale é meu respeito por ele
independente de sexo ou nome", teria dito a filha, segundo informações de
Renata. A transexual, que hoje está com 40 anos, ainda revelou que se dá bem
com todos os filhos e com a ex-mulher, com a qual ainda mantém contato.
O PASSO A PASSO PARA A MUDANÇA
O processo para a mudança nos documentos levou cerca de 40
dias para ficar pronto e mais um mês pra ser deferido. Renata disse que quando
resolveu mudar de nome procurou o setor jurídico do curso de Direito da Aesga.
Lá ela conversou com a Doutora Leonila que deu entrada pelo núcleo jurídico da
faculdade. Após isso, a síndica foi convocada pela 1ª Vara da Família para uma
audiência. Levou duas testemunhas e
passou por uma avaliação psicológica, além do acompanhamento de uma assistente
social. O próximo passo foi a remessa da
documentação ao Ministério Público, que deferiu o pedido, entretanto, pediu
alguns documentos a mais, como o nada consta da Polícia Federal, da Polícia
Civil e dos cartórios.
Passado todo o trâmite, a juíza Maria Betânia Duarte Rolim
decidiu pela mudança do nome e do gênero da síndica. Foi aí que Renata, que era
Renato, finalmente viu corrigida uma distorção burocrática que já havia lhe
causado vários transtornos. "Agora tenho duas datas de aniversário. A de
nascimento e a do dia que consegui mudar minha documentação", disse ela.
Na audiência, a magistrada indagou a Renata se ela iria
fazer a cirurgia de mudança de sexo, antes obrigatória para esses casos, mas a síndica não pensa nisso. "Eu sou
feliz do jeito que eu sou. Eu só nasci mulher no corpo errado. Não importa o
sexo que eu tenho. A lei é clara. Nossa identidade de gênero não tem a ver com
cirurgia, mas com a identificação social do que achamos que somos. E eu sou
mulher", pontuou a transexual que também participa da Rede das Mulheres
Negras, sendo uma aguerrida defensora da raça negra. Ela também é integrante da
comunidade LGBT e está em seu terceiro mandato como síndica da Quadra X do
condomínio Manoel Camelo, onde exerce uma liderança atuante e honesta sendo
responsável por 248 aparamentos. "Meu
objetivo é mostrar que temos direitos iguais e nunca desistimos",
finalizou.
Boa noite, editem a foto do documento, escondendo a numeração, isso pode trazer riscos a ela!
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